domingo, 2 de setembro de 2012

Hiper_portfólio_texto. Espaço criado para postar minhas produções no curso Proinfo.2012


O desafio de ensinar a pensar (ou... Não está tudo pronto)

Ione Berenice Helvécio

A leitura dos textos e o vídeo indicados para esta reflexão no curso Proinfo-2012 remetem às mudanças que vêm ocorrendo no espaço escolar nas últimas décadas. Tais leituras me fizeram recordar este conto de Eduardo Galeano.

“A função da Arte.
Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando. Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: - Me ajuda a olhar!"
Eduardo Galeano - Livro dos Abraços”

Onde fica o fim do mundo? Quanto tempo se leva para dar a volta ao mundo, caminhando? Quem inventou o radinho de pilha? Por que é que cadeira se chama cadeira? Quem inventou a democracia? Como é que se transforma informação em conhecimento? Como se diz “Deus salve a América” em mandarim? Por que os barcos não afundam? Como se aprende a pensar?

Acredito que a maioria dos leitores nascidos antes da chegada do século XXI tende a buscar uma resposta única e certa para estas perguntas. Tendemos a acreditar que devemos ser capazes de saber todas as respostas, para todas as questões. Aliás, era assim que nos motivávamos a estudar e aprender. E aprender foi, durante muito tempo, sinônimo de decorar respostas certas. Então, daqueles que eram capazes de decorar mais coisas em menos tempo, se dizia que eram mais inteligentes, pois aprendiam rápido (????). Ademais, se supunha que as respostas estavam todas no mesmo lugar/pessoa: escola/professor.

Entretanto, algumas mudanças significativas podem nos levar a rever as afirmações anteriores. Isso, em primeiro lugar, porque atualmente “buscar” equivale mais a “perguntar ao Google” que a examinar, pensar ou investigar. Se fizermos todas aquelas perguntas num site de busca, encontraremos respostas. Então, se as respostas estão todas on-line, a disposição para quando se necessite, deduz-se que já não é necessário saber nada de memoria, certo? Decorar para quê, se vários sites têm as respostas? Basta consultar um site de pesquisa, certo? É. Pode ser. Neste ponto, chega-se a conclusão de que o professor do passado... era o Google? A maioria das pessoas nascidas na era pós-internet, acredita que sim. Que tudo que o professor tem para lhe dizer, está no Google. O que, para nossa alegria, tem um pouco de verdade.

Sendo assim, conforme li em algum lugar – cujo nome não me lembro neste momento - o fato de o professor não precisar mais exercer este papel de site de busca, somente, o liberta para outras tarefas mais prazerosas, como ensinar a usar toda esta informação, ensinar a pensar. É ai que entra o grande desafio: acreditar que é possível transformar toda esta informação em conhecimento.

Conforme dito em oportunidade anterior, informação e conhecimento são duas coisas diferentes. Informação equivale aos dados que se tem a disposição; a informação pode ser esquecida, pode ter vida breve. E, além de ser cada vez mais abundante, pode ser conseguida por meio de vários dispositivos. O conhecimento, por outro lado, é o resultado do que se faz com as informações recebidas. É o conhecimento que permite que se tome decisões, se assuma posturas ou se rejeite ideias. Dizendo de outra forma, o conhecimento é permanente, enquanto que a informação pode ser momentânea.

Então, é preciso conseguir mostrar para um número cada vez maior de pessoas que saber é igual a entender, que entender pressupõem descobrir, e que para tanto, valem as tentativas e os erros. Sim: valem os erros sempre e quando sejam parte da procura, da descoberta, da tentativa. Apesar de que ninguém mais queira decorar, ainda vivemos a cultura do acerto. O bom é acertar, sempre, de primeira. Ainda que este acerto seja apenas cópia, sem deliberação. Sendo assim, é vital o convencimento de que o erro faz parte do processo. Erra quem tenta o novo, quem propõe soluções, quem toma decisões, quem pensa por conta própria. Concordo com a ideia de que não adianta saber gramática, trigonometria ou astronomia se não se é capaz de tomar decisões, de resolver problemas (devo ter lido/ouvido isto em algum lugar, mas também não me lembro de onde foi).

Certamente, esta não é a única resposta possível, mas acredito que para superar o desafio de converter informação em conhecimento, será necessário, antes, superar o desafio de aprender a pensar. Assim como Diego, personagem do conto de Galeano, precisamos de ajuda para conseguir “ver” tudo que as novas tecnologias nos oferecem.
Ativ1_3_Diário de bordo_IoneBereniceHelvecio. Julio/2012


Um comentário:

  1. Para começar, postei as primeiras reflexões sobre uso das tecnologias na escola. Irei agregando outras produções no decorrer do curso.

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